Macau, Portugal no Oriente

Falar de Macau, é falar de uma parte da história deste nosso pequeno país. É a prova inequívoca de quão longe foram os exploradores portugueses, numa época em que as viagens não eram fáceis e muitos tormentos se passavam até lá chegar. É um pedaço de Portugal nas terras longínquas do Oriente!

Para mim, Luís,  foi um regresso a Macau, 8 anos depois. Como viajei em trabalho, a Ana veio ter comigo uns dias mais tarde e aproveitámos depois para explorar um pouco da China, por isso este foi o nosso ponto de partida.

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Macau está como há 8 anos atrás, focada a 100% no jogo. A única diferença visível que notei foi precisamente nesse sentido. Tem mais casinos, mais jogadores, mais hotéis sumptuosos e menos, quase nenhum, registo português… A cidade mantêm ainda o português como língua oficial mas parece-me ser apenas um pormenor pois não vi ninguém a comunicar na nossa língua, a não ser, claro, alguns portugueses que ainda cá vivem!

A minha estadia em Macau foi de 5 dias portanto deu para ver e relembrar todos os espaços que tinha conhecido à quase uma década atrás.

 

Nos primeiros dias, ainda sem a Ana, pouco consegui viver da cidade tendo em consideração os meus compromissos profissionais. Mas, mesmo assim, deu para perceber que a Taipa está cada vez mais ocupada por hotéis e casinos de dimensões assustadoras e que são eles mesmos obras de arte da arquitectura, mesmo que algumas de gosto bastante duvidoso. Percebi também que a cidade continua vibrante e que se sente mais turismo. Mas não turismo externo, pois a China praticamente não o promove, mas muito turismo interno. Com a dimensão do país, a quantidade de habitantes que tem, e a dificuldade em comunicar noutra língua que não o chinês, é mais que normal que privilegiem o mercado interno.

Numa das visitas ao centro histórico acabei por descobrir um espaço fantástico chamado Puerco Borracho Macau (FoodTruckCompany) gerido por um português residente, e que faz uns petiscos sublimes. Soube tão bem beber uma cerveja portuguesa, conversar um pouco na nossa língua e descobrir que ainda há locais onde os preços não aumentaram desmesuradamente como no resto da cidade.

 

A Ana chegou entretanto, já no meu penúltimo dia, após uma longa e cansativa viagem. Agora juntos, iniciámos então a nossa visita à cidade de Macau, pelo que ainda nessa noite fomos explorar o que mais há por aqui: Casinos!

Começamos pelo Casino Lisboa, o mais mítico casino de Macau. Propriedade do multimilionário chinês Stanley Ho (também proprietário dos Casinos Estoril, Lisboa e da Póvoa em Portugal) e contruído em finais da década de 60, representa o início de Macau como a meca do jogo na Ásia.

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Logo ao lado, fica o Grand Lisboa, contruído em 2007 quase como uma extensão do primeiro, mas que é hoje em dia um dos edifícios mais emblemáticos, se não mesmo o ex-libris moderno da cidade, juntamente com a Torre de Macau.

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Daqui seguimos para a Taipa. Localizados em Cotai, o aterro que ligou as ilhas de Taipa e Coloane, os Casinos Venetian e Parisian são aqueles que achamos que merecem maior destaque. A extravagância, a grandiosidade, a exuberância, o luxo e a sumptuosidade são todos adjectivos que facilmente poderíamos usar para descrever qualquer um deles.

O Venetian é o maior casino do mundo com 51000 m2, a maior estrutura hoteleira da Ásia e também o sétimo maior edifício do mundo com 986000 m2. Dentro do casino existem vários pisos com canais artificiais replicando Veneza, centenas de lojas e todo o tipo de entretenimento.

 

O Parisian, logo ao lado, destaca-se essencialmente pela réplica da Torre Eiffel que marca a entrada principal do edifício e pelos seus interiores lembrando a arquitectura francesa.

 

São ambos absolutamente impressionantes, não só pela arquitectura, mas também quando percebemos que esta cidade consegue gerar um fluxo de pessoas e dinheiro que permite alimentar estes monstros. É por isso que Macau é hoje a capital do jogo no mundo, gerando 7 vezes mais receitas que a sua congénere americana Las Vegas!

Quando entramos num destes casinos e quase não conseguimos ver o outro lado da sala, tal a sua dimensão, e observamos a quantidade de máquinas e pessoas que ali estão, ficamos completamente boquiabertos. Escusado será dizer que em cada Hotel Casino há um centro comercial enorme com todas as grandes lojas de alta-costura e marcas internacionais. Aliás, nesta cidade perdemos a conta por quantas lojas destas passámos. Só para terem noção, em Macau há 5 lojas da Louis Vuitton, sendo que uma delas é a loja com melhor relação compras/m2 do mundo! Impressiona, não?

 

Bem, nós como não somos propriamente ricos e também não ligamos a estas coisas do jogo, ficámos só a observar e decidimos não tentar a nossa sorte. Até porque, muito provavelmente apenas iriamos ficar com menos dinheiro na carteira…

Depois de uma noite pelos casinos, cheia de luz e cor, o dia seguinte traz-nos o impacto de uma cidade cinzenta e muito sem graça. É certo que o tempo também não ajudou muito mas, a maioria das pessoas que vem conhecer Macau, vem apenas por algumas horas durante o dia e acabam por perder aquela actividade nocturna, por isso achamos que vale a pena ponderar passar pelo menos uma noite por cá, mesmo que não venha para jogar nos casinos.

 

Seguimos entretanto para explorar o lado histórico da cidade. Este tem para nós, um grande simbolismo, pois Macau foi território português, desde meados do século XVI, quando a China concedeu a Portugal autorização para se estabelecer, até final do século XX, quando por meio de um acordo, retornou definitivamente para as mãos dos chineses em Dezembro de 1999.

Macau foi, na verdade, o primeiro assentamento Europeu no Extremo Oriente e um dos mais importantes e lucrativos polos de comércio entre a Ásia e a Europa, atingindo o seu auge em inícios do século XVII. O seu centro histórico tem, por isso, fortes influências portuguesas e testemunhos únicos dessa época, pelo que foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO em 2005.

Começámos pelo Largo do Senado, ponto de convergência de toda a dinâmica da cidade e onde a arquitectura portuguesa é mais visível. A calçada portuguesa, o edifício do Leal Senado e a Santa Casa da Misericórdia são os elementos mais marcantes que aqui podemos encontrar.

 

Um pouco mais à frente, encontramos a Igreja de São Domingos e o mercado com o mesmo nome. Dada a nossa paixão por mercados, não resistimos a entrar.

 

 

Pelo caminho, não podíamos deixar de provar os pastéis de nata de Macau, uma “cópia” dos nossos pastéis de nata. Mas… oh, que desilusão! Não se aproximam nem um pouco da nossa maravilha gastronómica 🙂

 

Seguimos depois até às ruínas de São Paulo, cartão-postal da cidade. As ruínas são o que restou da igreja Madre de Deus, construída entre 1602 e 1640, e praticamente destruída no incêndio ali ocorrido em 1835. De salientar que, na altura da nossa visita, estavam a ocorrer trabalhos de manutenção, pelo que há que dar os parabéns aos chineses, pois ao longo desta viagem percebemos que são um povo que respeita imenso a sua história e preserva muito bem o património que possui.

 

Subimos ainda à Fortaleza do Monte construída por 1606 e militarizada até 1998 data em que foi adaptado a Museu. Daqui dá para ter uma panorâmica global sobre a cidade pelo que vale muito a pena o esforço.

 

Curiosamente, reparamos que não existem ameias e canhões voltadas para continente, o que significa que apenas se preocupavam em defender ameaças vindas do mar, e isso diz muito da relação pacífica e de amizade que os Chineses e os Portugueses sempre tiveram.

Depois disso ainda deambulamos um pouco pelas suas ruas apreciando e procurando marcas da presença portuguesa, e observando o dia-a-dia dos seus habitantes.

 

É bem verdade, que os portugueses nunca foram uma maioria nesta cidade, mas mesmo assim, deixaram a sua herança. Sabe-nos bem ver cultura portuguesa fora da nossa casa.

É, e será sempre um prazer voltar a Macau!

Nota: Viagem realizada em Novembro de 2017

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