À descoberta de Langkawi, a jóia de Kedah

Langkawi, a maior de um arquipélago de 104 ilhas com o mesmo nome, e hoje conhecida como a “Jóia de Kedah”, será talvez o local mais turístico da Malásia que visitámos.

É também o destino mais conhecido e apetecido pelos visitantes estrangeiros pelas suas praias e resorts, pelo que a infraestrutura hoteleira está verdadeiramente preparada para receber os milhares de turistas que aqui se deslocam todos os anos, principalmente durante a época alta, que ocorre de Novembro a Março.

Mas não são só as praias que atraem os seus visitantes, a sua inigualável beleza natural e o elevado nível de geo e biodiversidade, que levou ao seu reconhecimento como “Geoparque Global” pela UNESCO em 2007, são também factores que muito tem contribuído para o aumento do turismo nesta região.

E o que é isso de geoparque? Para quem não sabe, e segundo a UNESCO, um geoparque é uma região com património geológico de elevada importância internacional, gerido sob o conceito de protecção, educação ambiental e desenvolvimento sustentável.

Foi por tudo isto que elegemos Langkawi como o destino perfeito para os nossos dias de praia e relax (se é que isso é possível para quem não consegue estar quieto muito tempo) para fechar esta nossa movimentada e atribulada viagem à Malásia.

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Chegámos vindos de Kuala Lumpur logo pela manhã, exaustos e mesmo a precisar de descanso, mas no aeroporto, ainda soltámos umas boas gargalhadas com o que assistimos. Na zona das malas havia vários balcões de agências de viagem locais e que efectuam passeios na ilha. Ora, os colaboradores, confinados a esse espaço, fazem tudo para chamar a atenção dos turistas que acabam de chegar. Agora imaginem dezenas de pessoas, todos a chamarem a atenção ao mesmo tempo, aos gritos, com cartazes, buzinas e campainhas, enfim, tudo para conseguirem “vender” o seu produto antes do vizinho do lado… Foi hilariante! Quando quisemos filmar, infelizmente, já estavam mais calmos por isso não conseguimos captar o momento.

Entretanto, procurámos forma de ir até ao nosso hotel, por isso adquirimos o nosso ticket de táxi no balcão do aeroporto. Estes balcões são usuais em alguns países da Ásia, como forma de contornar eventuais abusos, pois no balcão ficamos logo a saber qual o valor até ao destino e dessa forma o motorista não pode cobrar valores excessivos.

O Frangipani, foi o hotel escolhido para a nossa estadia em Langkawi. Fica situado em Pantai Cenang na primeira linha da praia, e não sendo nenhum luxo, é mais que suficiente para descansar e passar uns dias a aproveitar as águas tépidas do mar de Andaman. Na zona mais a norte da ilha ficam situados resorts mais luxuosos, mas para as nossas exigências hoteleiras, e sem descurar o orçamento, este estava óptimo!

A praia do hotel é utilizada quase exclusivamente pelos hóspedes do hotel e por isso praticamente deserta, sendo que uns metros mais á frente (em direcção á vila) é possível praticar desportos aquáticos como motas de água, parasailing, etc. Como se costuma dizer, é longe o suficiente para ter sossego, mas perto o bastante para ir até ao centro a pé sem qualquer problema. Foi o que fizemos todos os dias para as refeições ou somente para passear.

Em termos de restaurantes, a oferta é bastante variada, sendo que os preços aqui, como seria de esperar, são um pouco mais elevados que em Kuala Lumpur, mas encontramos, sem grande dificuldade, locais muito baratos e com muita qualidade. Para quem gosta de compras, nunca é demais lembrar que Langkawi goza do estatuto de “Duty Free” por isso existem vários centros de compras com preços bastante atractivos, tanto em Cenang como em Kuah, a maior cidade da ilha.

Estes dias estavam reservados essencialmente para usufruir da praia e descansar, mas na altura em que fomos, por ser mudança de estação, e já estarmos no início da época das chuvas, a água do mar estava um pouco turva.

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Houve até um dos dias em que já não foi possível tomar banho de mar pois estava cheio de medusas. Não fosse este facto, e acreditem que não teríamos problemas em considerar Langkawi das melhores praias em que já estivemos. Os locais referiram-nos que era devido à época do ano em que estávamos e que, normalmente, a água é límpida e sem medusas… E se assim for, não só pela temperatura da água como pela fina areia branca, a praia é fantástica!

Dos 4 dias que íamos estar na ilha, destinámos um para a explorar. Alugámos um pequeno carro junto do hotel e lá fomos nós à descoberta. O primeiro ponto de paragem foi Kuah, a maior e mais movimentada cidade da ilha e onde se situa também o porto dos ferrys que fazem a ligação ao continente.

É também aqui que fica a famosa “Eagle Square”, uma enorme praça com a escultura de uma águia com cerca de 12 metros de altura. A águia simboliza a origem do nome da ilha que é também habitat natural de inúmeras destas aves, as quais podemos ver frequentemente a sobrevoar a floresta e as praias. A vista do local tendo como pano de fundo as montanhas é lindissima e só por isso vale a pena ir.

O Langkawi Legend Park fica também muito perto mas não nos despertou interesse suficiente para uma visita.

Seguimos então em direção á zona noroeste da ilha. Pelo caminho passámos pelo Mausoléu de Mashuri, uma mulher falsamente acusada de adultério pelo chefe da aldeia e consequentemente condenada á morte. Segundo conta a lenda, a sua beleza era tão deslumbrante que a inveja e o ciúme levaram a uma falsa acusação. Antes da sua morte, Mashuri lançou á ilha uma maldição de má sorte e miséria durante 7 gerações. História verdadeira ou lenda, com mais ou menos detalhes, esta foi a história passada de Langkawi e apenas ao fim das 7 gerações, na década de 90 Langkawi voltou a prosperar novamente, tornando-se o polo de turismo que é hoje.

A cerca de 1 km do teleférico fica situada a Telagah Tujuh, ou “Seven Wells Waterfalls”, uma enorme queda de água, assim chamada pelos seus 7 níveis de piscinais naturais.

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Mal chegámos, arrependemo-nos logo de não ter trazido roupa de banho. As cascatas, além de belas e impressionantes, formam pequenas piscinas ideais para que se aproveitem as águas límpidas e refrescantes deste local. Há dois pontos de acesso à cascata e o percurso pedestre por entre a floresta é maravilhoso.

Depois do passeio pela cascata fomos para o parque que integra as mais famosas atracções da ilha: o Sky Cab e a Sky Bridge.

O Sky Cab, um dos mais altos teleféricos do mundo, sobe a cerca de 700 metros de altitude percorrendo uma distância de 1700 metros, e levando-nos até ao topo de Mat Chinchang, uma espectacular montanha parte da formação geológica mais antiga do país, com mais de 550 milhões de anos. A subida permite vistas incríveis sobre a ilha e sobre o mar, verdadeiras paisagens de cortar a respiração!

O tempo estava bom e à medida que subíamos íamos ficando cada vez mais deslumbrados com a vista que nos era proporcionada, mas subitamente, quase a chegar a plataforma intermédia, ficou tudo nublado e começou a chover, impedindo-nos de ir à Sky Bridge. Fomos “obrigados” a descer!

Aproveitámos enquanto chovia para almoçar por ali mesmo. Na base, existem inúmeras lojas e restaurantes, bem como outros entretenimentos que podem usufruir.

Depois do almoço e de uma “carga de água” monumental, o tempo abriu e decidi que queria voltar a subir para a Sky Bridge. O Luis, como não gosta muito de alturas, não quis ir à segunda volta…

Mais uma vez, a subida de teleférico voltou a deslumbrar. As vistas são mesmo espectaculares.

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Desta vez, o tempo já permitiu ir até à Sky Bridge! Chamam-lhe “Ponte do Céu” e não é para menos! É uma das pontes suspensas mais espetaculares do Mundo! Suportada por apenas uma coluna de apoio a cerca de 100 metros de altura e mantida em suspenso por oito cabos de balanceamento de carga, a sua curva estende-se por 125 metros de comprimento. É uma verdadeira caminhada sobre as nuvens, já que fica a 700 metros de altitude. A sua localização em pleno geoparque permite vistas absolutamente incríveis para todos os lados da ilha. É absolutamente imperdível e valeu a pena ter tentado outra vez.

Para o dia seguinte tínhamos planeado uma visita de barco a Tasik Dayang Bunting (Lake of the Pregnant Maiden). Infelizmente estava a chover e por isso acabámos por não poder fazê-lo mas não queríamos deixar de o recomendar por ser um dos mais belos passeios de barco na região. O lago, localizado a apenas 15 minutos de barco, tem numa das suas encostas, o formato de uma mulher grávida deitada.  O seu nome é proveniente de uma lenda que conta que a princesa celestial Mambang Sari abençoou as águas depois de enterrar o filho no lago, fazendo com que qualquer mulher sem filhos fosse fértil se bebesse essas águas ou se ali se banhasse. Diz também a lenda que um crocodilo branco mora no lago e que só os sortudos conseguem vê-lo!

TASIK DAYANG BUNTING

foto de autor desconhecido, retirada da internet

Existem muitos outros opções de passeios de barco ou de jetsky, mas este tinha sido o que mais interesse nos tinha suscitado. Além de passeios de barco existe ainda a possibilidade de fazer passeios pedestres ou a cavalo pelo interior do geoparque, mas como já tinhamos feito no Bornéu, desta vez passámos…

Langkawi é definitivamente um destino de extrema beleza natural e cheio de histórias e lendas que fazem parte do folclore tradicional. Apesar de, essencialmente devido ao tempo chuvoso, não nos ter sido permitido visitar tudo como pretendíamos, não podemos deixar de recomendar esta ilha, que à partida pode parecer que nada tem para oferecer além de praia, mas que afinal é cheia de emoções.

Nota: Viagem realizada em Maio de 2017

0 Comments

  • worldeasyguides

    Excelente artigo, não sendo a minha ilha preferida nessas paragens, foi muito interessante revisitar Langkawi. Parabéns!

    • Nos e o Mundo

      Obrigado! Sim, concordamos que existem outras melhores, mas Langkawi mesmo assim é excelente pela sua diversidade.

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