Singapura, a cidade do leão

Singapura é uma cidade fantástica e absolutamente deslumbrante! Quem não conhece, poderá imaginá-la uma cidade demasiado moderna, cheia de edifícios altos e com pouco interesse, mas a verdade é que Singapura, além de próspera e cosmopolita, não tem só arranha-céus, tem também história e cultura e muito mais coisas para ver e fazer do que á partida se pode pensar.

Conhecida como a “cidade do leão”, Singapura sofreu ao longo das épocas inúmeras influências que a tornaram na fascinante cidade multicultural que é hoje.

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Começou por ser um pequeno povoado, destruído pelos portugueses no século XVII, deixado ao esquecimento, até ser entregue aos britânicos em 1819, que o tornariam num importante porto comercial. Invadida e tomada pelos japoneses durante a segunda guerra mundial, retornou mais tarde às mãos britânicas até à sua independência em 1963, altura em que ingressou no território malaio. Tornou-se finalmente soberana e cidade-estado em 1965, e desde então o seu desenvolvimento nunca mais parou até se transformar num dos países mais ricos do mundo, um pequeno gigante “Tigre Asiático”.

A Ana não, mas eu já tinha estado em Singapura aquando a minha viagem a Bali e tinha sido, até à data, a cidade mais extraordinária onde já tinha estado. Achei a cidade muito organizada e segura, extremamente limpa, vibrante, cheia de vida e com imensas atracções, muitas delas até inovadoras e grandiosas. Nesta segunda visita, fiquei ainda mais apaixonado por ela!

 

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É incrível como, nesta zona do mundo, possa existir uma cidade com este nível de desenvolvimento e que respeite de forma tão irrepreensível as diferentes culturas e povos que nela habitam e oriundos dos quatro cantos do mundo.

É certo que muitas destas formas de estar foram conseguidas à custa de regras e leis rigorosas impostas ao longo dos tempos, principalmente durante a governação de Lee Kuan Yew, nos últimos 45 anos. Não é de estranhar encontrar pela cidade placas com as mais diversas e estranhas proibições, entre elas mascar pastilha elástica, cuspir no chão, fumar fora dos locais apropriados, transportar durian (uma fruta de cheiro pouco agradável) nos transportes públicos, etc.. Sim, é verdade, tudo isto pode gerar multas! Mas é talvez por isso mesmo que a cidade consegue ser tão perfeita e eficiente, e que o respeito pelas diferenças e o civismo se evidenciem tanto!

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Chegámos ao aeroporto de Changi vindos de Langkawi logo pela manhã e seguimos para o nosso hotel. Singapura é uma cidade cara, muito cara, pelo menos para as nossas carteiras. Para terem noção, o que gastámos em 2 dias em Singapura foi quase tanto como em 10 dias na Malásia!

Ficámos num hotel bem simples muito próximo de Chinatown, que é para nós, um dos melhores locais para ficar. Largámos a bagagem e saímos logo, pois só iriamos ficar 2 dias na cidade e tínhamos de aproveitar ao máximo.

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Decidimos por isso, e antes de mais, visitar o templo chinês Thian Hock Keng, um dos mais belos e antigos da cidade, construído em 1839, onde um dia já foi beira-mar. Dedicado à deusa do mar “Mazu”, era para aqui que marinheiros e imigrantes chineses se dirigiam para agradecer terem sobrevivido à difícil travessia marítima. E foi assim e aqui que o bairro de chinatown nasceu.

E como bairro, chinatown não tem regras nem percursos definidos. O melhor mesmo é perdermo-nos pelas suas ruas de traça colonial, observando as lojas onde tudo se vende, os restaurantes muitas vezes incomuns, a sua vida própria e a dos seus habitantes.

Bem no centro do bairro fica também o Sri Mariamman Temple, o templo hindu mais antigo da cidade, e o segundo da nossa lista de locais a visitar. Mesmo não compreendendo muito bem a espiritualidade destes povos, os seus espaços de oração são sempre verdadeiramente extraordinários, e aqui não foi excepção.

Poderá parecer talvez estranho encontrar um templo hindu em pleno coração de chinatown mas no passado esta zona foi também lar de imigrantes indianos, que por força da discriminação racial imposta pelos britânicos foram forçados a deslocarem-se para outro bairro hoje conhecido como “Little India”, e para onde seguimos logo depois do almoço.

Existe ainda um outro templo chinês no bairro, o enorme Buddha Tooth Relic Temple, mas sinceramente, talvez por ter uma arquitectura mais moderna, e depois de termos conhecido o anterior, não lhe achamos muita piada.

 

E é assim, neste contexto, que se misturam os templos e os arranha-céus, o desenvolvimento e as tradições, o colonial e o moderno, fazendo com que Singapura seja única e com um encanto diferente do que estamos habituados, difícil de explicar mas fácil de sentir.

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Para finalizar, escolhemos para almoçar, um food court (ou Hawker como é chamado localmente) situado em chinatown. É basicamente uma rua, cheia de stands ao ar livre, com pratos típicos de todas as regiões da China e não só. Além de ser bastante mais económico é uma fantástica opção pela diversidade e variedade que possuí.

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Depois de um fantástico almoço onde provámos dumplings, um prato chinês absolutamente delicioso, retomámos a exploração da cidade. Seguimos então para Little India, actualmente o bairro da comunidade indiana, e onde pudemos ter uma perspectiva diferente da cidade não só no comércio e hábitos como na própria arquitetura da mesma. Como seria de esperar o bairro é muito colorido e bastante animado.

Daqui partimos à procura da modernidade e genialidade de Singapura, deixando para trás os bairros antigos e coloniais. Dirigimo-nos então aos famosos jardins “Gardens by the Bay”, situados numa zona entretanto conquistada ao mar. Os jardins são parte da ambiciosa visão do governo de Singapura de criar “uma cidade num jardim”, com o ambiente perfeito para se viver e trabalhar, tornando-a numa cidade global líder do século XXI. Esta é sem dúvida uma área da cidade absolutamente imperdível, e por isso guardamos o resto da tarde para a explorar.

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É também aqui, que se situa o Complexo Marina Bay Sands, aquele que é hoje um dos edifícios mais emblemáticos da cidade e onde se situa o hotel com o mesmo nome. Uma vez aqui, não podíamos deixar de subir ao topo, pois é uma das melhores vistas da cidade.

Chegámos a pensar em ficar aqui alojados, era só uma noite e seria uma experiência de uma vez na vida, mas o preço proibitivo fez-nos mudar de ideias, pelo que nos ficámos por uma visita. Subir ao deck panorâmico, tem um custo de $23,00 (aprox. 15€) mas vale a pena, a vista é magnifica e dá para ter uma visão ampla de toda a cidade.

Continuámos depois para os jardins, que por si só já são magníficos, mas aqui há outros pontos de interesse igualmente espetaculares e variados! A Ana queria muito visitar a Flower Dome e a Cloud Forest. Basicamente são enormes estufas de vidro em que se homenageia a natureza recriando, artificialmente, várias regiões do mundo através das flores (Flower Dome) e florestas (Cloud Forest). Tem também fins educativos através da consciencialização sobre o aquecimento global e extinção de determinadas espécies, e alertando para o dever da protecção do meio ambiente.

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Para ser honesto, eu não queria ir, nem os tinha visitado na primeira vez que estive na cidade, mas devido à insistência da Ana fomos, e realmente, em boa hora o fizemos. É extraordinário! O bilhete custa $28,00 (aprox. 18€), mas vale cada cêntimo.

Começamos pela “Flower Dome”. Mal entramos ficamos maravilhados com a sua beleza. Desde os pisos superiores, aos inferiores, são recriados ambientes de jardins que mostram diferentes zonas do nosso planeta. Aqui se replicam o clima frio e seco das regiões do Mediterrâneo, assim como da África do Sul, Califórnia e partes da Espanha e Itália. Além dos jardins e das flores permanentes, havia na altura da nossa visita uma exposição de tulipas vindas da Holanda! E o resultado era fabuloso! Acreditem que só visitando poderão ter noção de que irão encontrar. Vale totalmente a visita! O que mais nos impressionou é como conseguem, no mesmo espaço, alterando ligeiramente a temperatura e a humidade, ter espécies e ambientes tão variados.

Depois da “Flower Dome” passámos para a “Cloud Forest”. O conceito é o mesmo, mas aqui pretende-se recriar a vida vegetal das terras altas tropicais até 2000 metros de altitude. Possui uma montanha de 35 metros de altura coberta de vegetação exuberante e aqui respira-se natureza!

Logo à entrada somos deparados por uma cascata enorme, que nos dá, não só a humidade normal de uma floresta, mas igualmente os seus ruídos, o seu mistério. Perdemo-nos nos corredores deste espaço ficando impressionados a cada passo com o que o ser humano é capaz de realizar. Percebemos que somos capazes do melhor e do pior quando desprezamos a natureza e que, havendo fé, determinação e inteligência, conseguiremos salvar o nosso planeta!

Nem só estes dois espaços valem a visita. Não tivemos tempo para visitar todo o jardim mas pontos de interesse não faltam e acreditem que conseguirão passar um dia inteiro só a visitar esta área da cidade.

Com o cair da tarde, aproximava-se um dos momentos mais esperados, o espectáculo de luz no “Supertree Groove” que se realiza todos os dias às 19:45h e ás 20:45h, por isso fomos andando para lá. Quando chegámos, fomos surpreendidos com uma exposição Star Wars. Demos uma volta e sentámo-nos debaixo de uma das fantásticas árvores enquanto aguardávamos pelo espetáculo de luzes e cor. Como não poderia deixar de ser este teve como banda sonora a mesma de Star Wars. O espetáculo durou cerca de 15 minutos e vale a pena coordenar o horário para não o perder.

 

Fomos depois para a baía onde era suposto assistirmos ao espectáculo de jactos de água, que se realiza também todos os dias às 20:00h, 21:30h e 23:00 na Marina Bay, mas infelizmente neste dia não houve pois estava em manutenção. Mas é interessante ver que esta zona, e os espectáculos, são frequentados, não só por turistas, mas também pelos seus habitantes. É claramente um local de passeio das famílias desta cidade.

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Para terminar o dia que já ia longo, decidimos ir para a zona de Clarks Quay! Esta zona ribeirinha é, por excelência, a zona da noite de Singapura. É aqui que se encontram os bares, os restaurantes, e animação nocturna e muita diversão! Jantámos num dos restaurantes junto ao rio e não foi, de todo, a nossa melhor opção. Foi demasiado caro e a comida deixou muito a desejar. Mas pelo menos soube-nos bem, terminar o dia desta forma animada, e ter ainda mais a certeza de que esta cidade é um mundo de coisas para ver e fazer.

No dia seguinte, tínhamos planeado visitar a Ilha Sentosa. A ilha é essencialmente um enorme parque de diversões e faz parte do objectivo de Singapura de se tornar um destino global para se viver, trabalhar e divertir.

Aqui podemos encontrar praias, jardins, restaurantes, hotéis, spa’s e inúmeras diversões, como um parque da Universal Studios, uma Kidzania, o museu do Merlion, o leão simbolo da cidade, um museu Madame Toussou, etc. É realmente um local imperdível e que merece uma visita. Comprámos um bilhete de comboio para a ilha ($4,00) e podemos andar, de foram ilimitada, pelas 3 paragens que compõem a linha. Infelizmente, esse não foi um bom dia, pois a chuva intensa que se fez sentir, não nos permitiu usufruir do que Sentosa tinha para oferecer. De qualquer forma este é um local construído para que haja diversão para todos os gostos, bolsas e idades!

E sim, Singapura é para visitar com tempo e dinheiro para se poder aproveitar tudo o que oferece aos seus visitantes!

Esta é daquelas cidades que não se tem vontade de deixar! Voltaremos com certeza a visitar Singapura, quanto mais não seja para matar as saudades que já sentimos dela, e até porque o pouco tempo que lá estivemos não foi suficiente para viver tudo o que aqui se pode viver.

Nota: Viagem realizada em Maio de 2017

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