A zero graus, no Ilhéu das Rolas!

O Ilhéu Gago Coutinho, ou Ilhéu das Rolas, é provavelmente um dos locais mais conhecidos dos portugueses que já viajaram para São Tomé, mas na nossa opinião, não é de todo o melhor destino neste país.

O ilhéu das Rolas que é também um resort, é um pequeno ilhéu ao sul da ilha de São Tomé e que tem a particularidade de se situar exactamente sob a linha do Equador.

Bem sabemos que depois de termos ido ao Príncipe, nada o conseguirá superar e quando experienciamos algo excelente dificilmente conseguimos apreciar o restante com a mesma isenção. Mas, tendo em conta tudo o que vimos, se voltássemos a São Tomé, definitivamente excluiríamos a estadia no Ilhéu das Rolas, mas não a visita, que consideramos obrigatória.

Chegámos ao ilhéu logo pela manhã vindos de barco directamente do Inhame Eco Lodge onde pernoitámos. A travessia, efectuada num pequeno barco, durou apenas 15 minutos. Normalmente, esta é feita a partir do porto de Porto Alegre, mas estando no Inhame é possível fazê-lo directamente.

De frente ao pequeno porto onde atracámos, a recepção do hotel, recuperação da casa de uma antiga roça. A pequena capela logo ao ali ao lado, onde as crianças costumam brincar à sombra das árvores. Ao longe, os bungalows e a piscina precipitada sobre a praia e o mar.

Vivem aqui cerca de 200 pessoas, grande maioria funcionárias do hotel ou famílias de pescadores que vão sobrevivendo muito com a ajuda da exclusividade do turismo na ilha.

O hotel, apesar de se intitular de 4****, é relativamente fraco… Tem um aspecto geral bastante gasto que revela falta de manutenção, e o cuidado e atenção com os clientes e pormenores que se espera num hotel deste tipo definitivamente não existem. Já para não falar na fraca qualidade das refeições com um buffet repetitivo e sem grande possibilidade de escolha.

Mas o preço, esse sim, é de um hotel de 5*****! Uma água de 1,5l custa 3,5€ e uma cerveja 4€. Na nossa opinião, preços totalmente desajustados e inflacionados para a qualidade do hotel e o buffet não vale, de todo, o preço de 25€/dia/pessoa que somos obrigados a pagar, e sem bebidas incluídas. Já para não falar na diária de cerca de 200€… Enfim! Definitivamente não vale tudo isso. E não é que nos importemos de pagar, desde que o serviço se adeque e seja proporcional ao preço e aqui claramente não é.

O enquadramento do hotel, por sua vez, é fantástico! A natureza envolvente, tal como a das outras duas ilhas do arquipélago, é luxuriante, rica e inesgotável! A ilha em si é linda e merece mesmo ser visitada.

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Depois de nos instalarmos resolvemos aproveitar uns momentos de praia e piscina para relaxar mas a praia em frente ao hotel tem muitas pedras, pelo que é difícil ir a banhos despreocupadamente. Talvez por isso haja tão poucos hóspedes na praia.

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Nessa tarde aproveitámos apenas para dar um pequeno passeio pela zona circundante ao hotel e descobrimos outras áreas que estão ao abandono como por exemplo uma zona de restaurante num ponto elevado e com uma vista lindíssima. Que pena estar tão mal tratado!

Na manhã seguinte resolvemos ir numa caminhada de cerca de 12 kms, para dar a volta completa ao ilhéu. As suas paisagens são realmente muito bonitas, com o verde da natureza a tocar o azul do mar, num conjunto deveras harmonioso. Mais uma vez comprovámos que a beleza singular deste país está nesta natureza deslumbrante. Mas melhor do que tentar descrever, é deixar-vos as fotos (clique nelas para as ampliar).

A volta durou cerca de 3 horas e ao longo do percurso passámos pelas praias Escada, Macaco, Joana, Pé de Cabra e Café. Todas elas com uma pequena história associada á origem do seu nome. Por exemplo, a praia Joana, assim chamada porque uma menina chamada Joana, quase lá morreu afogada, a praia Pé de Cabra, porque uma cabra escorregou, caiu na praia e morreu ou a Praia Café porque antigamente o hotel lá servia o café a seguir às refeições.

Existe também do lado da ilha mais exposto ao mar, uma espécie de geiser, que não é mais que uma cavidade rochosa por onde a força do mar entra, formando este fenómeno.

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Pelo caminho encontrámos umas cabritinhas e uns porcos à solta, como já vinha sendo hábito ao longo de toda a ilha de São Tomé. Mas fiquem descansados que são os únicos animais que poderá encontrar e as feras mais perigosas com que nos deparámos foram mesmo os mosquitos. Nem com doses industriais de repelente nos livrámos deles. Acho até que gastámos mais repelente que protector solar!

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Terminámos o percurso no marco do Equador a zero graus de latitude, mas com trinta graus de temperatura. E acreditem que no final da caminhada subir até lá com este calor não foi fácil, mas a vista com que somos brindados vale todo o esforço.

Foi aqui que entre 1915 e 1918 se realizou a primeira missão geodésica numa colónia portuguesa e onde se comprovou a passagem da linha equatorial no ilhéu. Para o assinalar foi erigido em 1936 o Padrão do Equador, um pequeno monumento de homenagem aos trabalhos aqui realizados por Gago Coutinho.

No regresso ao hotel ainda tivemos tempo de passar e conhecer a vila e os seus habitantes. Como seria de esperar somos logo abordados com ofertas de artesanato local e peixe fresco acabado de sair do mar ou qualquer outro serviço habituados a oferecer aos turistas que por aqui passam.

O ilhéu é de facto possuidor de uma imensa beleza natural, tal como as outras duas outras ilhas do arquipélago.

No entanto, o valor excessivo cobrado pela estadia no resort não vale mesmo a pena. Aconselharíamos sem qualquer dúvida a visita ao ilhéu, mas se o seu objectivo for relaxar na praia, então a opção no sul (Inhame EcoLodge) tem muito melhor relação qualidade/preço. Claro que é mais simples e não tem piscina, mas tem um preço coincidente com essa condição… E a praia do Inhame é linda!

No dia seguinte logo pela manhã, regressámos à ilha de São Tomé em direcção à cidade para a conhecermos melhor e daí, no dia seguinte, embarcar no voo que nos levaria de regresso a casa…

Nota: Viagem realizada em Outubro de 2016

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