Panamá, a cidade do Canal

Quando pensámos em visitar o Panamá, não tínhamos grandes expectativas. Decidimos ir porque estávamos perto, na Colômbia, e o nosso voo de regresso a Lisboa era triangulado, por isso não perdíamos nada em ir conhecer a cidade do Panamá.

E acreditem, ficamos bastante surpreendidos, e pela positiva! A cidade do Panamá é sem dúvida uma cidade cheia de contrastes, uma capital cosmopolita, dividida entre o moderno e o colonial.

É o centro financeiro da América Latina, não só pelo seu posicionamento estratégico, mas também pelo desenvolvimento económico que teve nos últimos anos.

Povoada de hotéis de luxo, lojas de marcas e empresas multinacionais instaladas nos inúmeros arranha-céus da cidade, esta sua modernidade contrasta com os belos edifícios de traça colonial que nos trazem á memória a sua história e o seu passado.

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Chegámos num sábado á noite e como ficámos instalados no Hard Rock Hotel, cujos bares e discoteca são dos mais badalados da cidade, a animação era mais que muita, cheia de jovens (e não só) elegantemente vestidos.

O hotel é imponente, com os seus 62 andares, sendo um dos edifícios mais altos da cidade.No seu topo, onde fica o bar Bits Roof Longe, com uma espectacular vista panorâmica 360º consegue ver-se toda a área urbana da cidade do Panamá.

Se normalmente não tem oportunidade, nem possibilidades de ficar em hotéis deste tipo, aproveite, se for á Cidade do Panamá, para o fazer, como nós fizemos, pois, comparando com os preços por estes usualmente praticados, aqui os hotéis de luxo são extremamente baratos.

Começamos o novo dia com a exploração da parte mais antiga da cidade, o Casco Viejo.

A cidade do Panamá, a primeira cidade espanhola da América Latina, fundada em 1519, foi inicialmente edificada num outro local, mas após sucessivas invasões por piratas acabou por ser incendiada e completamente destruída. Em 1673 a cidade foi reconstruída numa nova localização, aquela a que hoje chamam de Casco Antiguo ou Casco Viejo, e que conjuntamente com as ruínas da cidade original (Panamá Viejo) foram eleitas património mundial da Humanidade pela UNESCO em 1997.

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A cidade velha, envolvida por uma fortificação edificada pelos colonizadores espanhóis, mantém até hoje a traça original dos seus arruamentos e preserva muitos dos seus edifícios de arquitectura colonial. Apesar de haver ainda muitos por restaurar, a zona histórica da cidade é muito bonita e deve ser apreciada caminhando pelas suas ruas.

Um dos edifícios mais importantes aqui presente é a Basilica de Santa Maria La Antigua, situada na Plaza de La Independencia. No dia em que fomos havia uma pequena feira de artesanato na praça, com crianças usando os trajes tradicionais do Panamá que foi muito interessante de ver.

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Passeámos por aqui toda a manhã e acabámos por almoçar num restaurante chamado Diablicos. A comida estava deliciosa e acabou por ser muito animado pois aos Domingos apresentam sempre um espetáculo com danças tradicionais do Panamá, o que nos permitiu apreciar mais de perto alguns costumes deste povo, e como a mistura das várias culturas influenciaram o país tal como é hoje.

Gostaríamos de ter ido também às ruínas de Panamá Viejo, a cidade original, mas como não íamos ficar muitos dias e ainda era longe, decidimos não ir.

Da parte da tarde, fomos até á zona das ilhas Perico e Flamenco cuja ligação com o continente é feita através de uma avenida com cerca de 2 kms, a Calzada de Amador. Esta avenida fica mesmo á entrada do Canal e é costume ao fim de semana, muito locais virem até aqui com as suas famílias passear ou almoçar num dos restaurantes aqui localizados e ficar a apreciar os grandes navios a passarem.

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No regresso, nada como um passeio de fim de tarde pela Avenida Balboa, a avenida que acompanha grande parte da cinta costeira da Cidade do Panamá.

À noite, decidimos voltar ao Casco Antiguo, pois tínhamos visto que havia muitos restaurantes e bares nessa zona, assim como muitos pequenos hotéis instalados nos edifícios restaurados. Por isso, seria bom experimentar a animação nocturna lá, já que na noite anterior tínhamos tido a experiência do lado moderno da cidade, onde ficava o nosso hotel.

E valeu a pena ir! Jantámos num restaurante chamado Casablanca, que fica na Plaza Simon Bolivar, frente á Igreja San Francisco de Asis. Nesta praça existem vários restaurantes, todos com esplanadas animadíssimas.  E com o calor que se fazia sentir, nada como uma esplanada, uma bebida fresca e uma comida deliciosa! De dia parece que não se passa nada, mas á noite tudo muda e a animação transforma o local.

Uma coisa importante de referir, é que aqui os restaurantes não são baratos, e como a moeda de circulação, apesar de se chamar Balboa, é o Dólar Americanos, não ganhamos muito com o câmbio do Euro. O que achámos muito barato foram os táxis, mas não se esqueça de combinar o preço assim que entrar, pois aqui não há taxímetros. E existe também a possibilidade de partilhar o táxi com outros passageiros que vão entrando pelo caminho.

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Apesar de tudo, é uma cidade em que se nota claramente que o nível de vida é bastante superior ao dos restantes países da América Latina (pelo menos dos que conhecemos) sendo que 80% da população não é originária deste país.

Emigraram obviamente pelo elevado potencial económico que o país tem. Por outro lado existem zonas muito pobres e, tal como qualquer país latino-americano, existem diferenças sociais absurdas.

Na manhã seguinte, tínhamos programado ir ao Canal do Panamá, a maior obra de engenharia do séc. XX.

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O canal, grande motivo de orgulho e popularidade do país, gera milhões de dólares de receitas anualmente. Iniciada a sua construção pelos franceses em 1881, sofreu inúmeros contratempos devido a problemas financeiros da empresa e à enorme mortalidade dos seus trabalhadores devido às febres e doenças tropicais.

Os Norte-americanos assumiram o projecto em 1904 e concluíram a sua construção em 1914, mas só em 2014, 100 anos após a sua construção, passou para a Administração Panamenha. Durante este período, esteve sempre sob domínio americano.

Por isso se nota um desenvolvimento tão elevado do país. Como eles próprios dizem: o canal é o nosso petróleo!

Visitámos o canal no centro de Miraflores, assim como o Museu sobre a sua construção que vale também a pena conhecer.

O sistema é feito através de eclusas para a elevação dos navios, pois se os oceanos estão à mesma altura, o canal em si está numa posição mais elevada em relação a estes (cerca de 26 metros acima do nível do mar), o que faz com que essa diferença tenha de ser compensada por comportas e elevadores.

O simbolismo é enorme pois a tecnologia já não é propriamente moderna. Existem em variadíssimas barragens espalhadas pelo mundo inteiro, sistemas elevatórios semelhantes, nomeadamente no rio Douro, em Portugal. Mas este, por ter ido o primeiro, por ter encurtado, e muito, o tempo de viagem de ligação dos dois oceanos, Pacifico e Atlântico, e pela importância económica mundial que tem, é sem dúvida digno de paragem obrigatória para quem visita esta cidade.

É muito interessante ver navios de milhares de toneladas passarem por passagens tão estreitas. No momento em que lá estivemos o navio que estava a fazer a passagem tinha pago a pequena fortuna de 140.000 USD para atravessar o canal. Aconselhamos a que façam a visita no período da manhã, pois é nesse período que passa a maior parte dos navios e existe portanto maior probabilidade de poderem ver os grandes navios.

Na altura da nossa visita estavam a alargar o canal para permitir a passagem de navios de maior porte e assim aumentar a sua rentabilidade.

No regresso do canal, ainda tivemos tempo de passar no Mercado do peixe e marisco e apesar de já não haver muito peixe nas bancadas, os pequenos restaurantes do mercado abriram-nos o apetite.

E pronto, terminou assim a nossa estadia por terras panamenhas, chegou a hora de voltar a casa!

Nota: Viagem realizada em Setembro de 2015

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